BRM Brasília: autoridades e lideranças debatem o futuro do desenvolvimento regional
Para a edição deste ano do Brazilian Regional Markets, o evento retornou à capital federal para dar início à agenda de 2025, com o movimento que busca atrair atenção para oportunidades de negócio e investimento nos estados mais promissores do país, e destacar o papel do Governo Federal como catalisador do crescimento nas regiões em destaque.
Realizado pela Apex e Record Brasília, o evento aconteceu na última terça-feira (18), em Brasília. O encontro reuniu autoridades de todo o país, como o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, o Governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, executivos de mercado e lideranças empresariais.
A Apex, hoje, ela busca estar onde o Brasil está. Esse vem sendo o nosso mote, a nossa missão.
Fernando Cinelli, Fundador e Presidente da Apex
Crescimento econômico e desenvolvimento humano: o case das Onças Brasileiras
Paula Orrico, Head de Dados da Futura, destacou a ascensão dos mercados regionais fora do eixo Rio-São Paulo, que passaram a representar 60% do PIB brasileiro. Estados como Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, apelidados de "onças brasileiras", lideram esse crescimento com ambientes de negócios favoráveis e índices de desenvolvimento acima da média nacional.
"As onças brasileiras cresceram acima da média do Brasil nos últimos 20 anos, impulsionadas pelo agronegócio e um ambiente econômico favorável"
Paula Orrico, Head de Dados da Futura
Confira os destaques:
- Em 20 anos, a participação dos mercados regionais no PIB subiu de 53% para 60%, consolidando sua importância econômica.
- As "onças brasileiras" registram um crescimento médio de 2,7% ao ano, superior à média nacional de 2,2%.
- O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) desses estados é superior à média do Brasil, refletindo avanços em educação, saúde e segurança.
- Pesquisa revelou que 70% dos moradores dessas regiões se sentem seguros, enquanto no restante do país esse número não chega a 50%.
- A educação nas "onças" também é mais bem avaliada, com 29% dos alunos em escolas de tempo integral, contra 12% no Brasil.
Construindo pontes para alavancar o crescimento regional
No painel, Fernando Cinelli, Fundador e Presidente da Apex, destacou o potencial dos mercados regionais brasileiros para investimentos e a importância de conectar stakeholders do setor público e privado. O objetivo é atrair investimentos e implementar políticas eficazes para transformar oportunidades em crescimento. Mediado por Marcus Buaiz, conselheiro da Apex e do Grupo Buaiz, o debate contou com André Dias, da Rede Record. Ele ressaltou o papel da comunicação para dar mais protagonismo aos mercados regionais no cenário nacional.
“Na Apex, a gente dorme, acorda, trabalha, vivencia todo o nosso dia a dia pensando em como desenvolver a agenda de mercado regional brasileiro. Essa é a nossa pauta, a nossa razão de existir”
Fernando Cinelli, Fundador e Presidente da Apex
Confira os destaques:
- A Apex tem o propósito de redescobrir e valorizar as características únicas das economias regionais, criando oportunidades de desenvolvimento e crescimento dos negócios locais;
- O movimento Brazilian Regional Markets busca evidenciar o potencial dos estados brasileiros fora do eixo Rio-São Paulo, promovendo investimentos em outros mercados cujo potencial merece ser explorado;
- A descentralização do crescimento econômico é essencial para o desenvolvimento sustentável do Brasil, com foco em fortalecer economias locais e promover o desenvolvimento humano e social;
- A mídia de massa, como a TV aberta, desempenha um papel crucial em dar visibilidade aos mercados regionais, atraindo investimentos e promovendo o crescimento econômico local.
Não há nada melhor do que sociedade civil organizada e esse bom diálogo entre município, Estado, União e setor privado
Geraldo Alckmin, Vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil
Integração entre Governo Federal e Governo Estadual para desenvolvimento dos mercados regionais
Para multiplicar as oportunidades e entender como a união entre o Governo Federal e Estadual podem melhor desenvolver os mercados regionais, Ricardo Frizera, Diretor de Research da Apex, mediou o debate entre Geraldo Alckmin, Vice-presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Renato Casagrande, Governador do Espírito Santo.
“A administração pública pode pensar a longo prazo, a gente não precisa vender o almoço para comprar o jantar. Nós conseguimos consolidar um fundo soberano, que hoje tem R$ 2 bilhões e é abastecido todo mês com riqueza do petróleo. Usando uma fonte fóssil de energia para investir em inovação e em transição energética”
Renato Casagrande, Governador do Estado do Espírito Santo
Confira os destaques:
- A integração entre Governo Federal e governos estaduais é crucial para o desenvolvimento dos mercados regionais, promovendo investimentos e políticas públicas eficazes;
- O Espírito Santo é destacado como um exemplo de gestão fiscal responsável, com 13 anos de nota A no Tesouro Nacional e a maior taxa de investimento em infraestrutura do Brasil;
- A Parceria Público-Privada (PPP) é vista como um mecanismo essencial para atrair investimentos e melhorar a infraestrutura, desde que haja um bom marco regulatório e fiscalização eficiente;
- O Fundo Soberano do Espírito Santo, com R$ 2 bilhões, é um exemplo de como a gestão responsável pode promover investimentos em inovação e transição energética.
“Um país do tamanho do Brasil precisa ser federativo, não unitário. Tudo que pudermos descentralizar mais perto da população, melhor. Descentralização é palavra de ordem”
Geraldo Alckmin, Vice-presidente da República
Potências e oportunidades nos mercados regionais
Mateus Starling, Diretor da Apex - Polo Vitória/ES, apresentou como as Onças Brasileiras são destaque em diversos setores.
Confira os destaques:
📦 Comércio e Logística: Estados como Santa Catarina, Mato Grosso e Espírito Santo têm um grau de abertura econômica de 41%, acima da média nacional de 27%, mostrando sua conexão com o mercado internacional;
🌱 Agronegócio: O Paraná é o maior produtor de frangos do Brasil, enquanto Mato Grosso lidera na produção de soja e carne bovina, mostrando a diversidade do agro regional;
🏙️ Mercado imobiliário: Santa Catarina e Espírito Santo, estão liderando a valorização imobiliária, superando grandes cidades como São Paulo;
🧑💻 Tecnologia e inovação: As Onças Brasileiras oferecem ambiente de negócios e empreendedorismo favoráveis;
⚡️ Energia: Os mercados regionais são responsáveis por 90% da geração energética renovável do Brasil.
É importante mostrar que existem muitos negócios para serem feitos fora do eixo Rio-São Paulo e que empreendedorismo no Brasil existe em toda parte
Alexandre Magno, CEO da Wine
Negócios que movem o Brasil: empreendedorismo regional e desenvolvimento
Alexandre Magno, CEO da Wine, Cláudio Vitti, Diretor Médico na Associação Saúde em Movimento, Carlos Parreira, Diretor Financeiro na Belagrícola, Ricardo Cappelli, Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), debateram oportunidades, desafios e o futuro do empreendedorismo nos mercados regionais brasileiros, com mediação de Ana Luisa Porto, Wealth Management da Apex.
Confira os destaques:
- O Grupo Wine, originário do Espírito Santo, é a maior distribuidora e clube de vinhos da América Latina, com um novo desafio de se tornar produtor de vinhos através da vinícola Entre Dois Mundos;
- A Associação Saúde e Movimento atua na gestão profissionalizada de hospitais, como o Hospital Universitário de Canoas, focando em humanização e eficiência na área da saúde;
- A Bela Agrícola, do Paraná, é referência no agronegócio, com expansão via franquias e parcerias internacionais, além de investimentos em tecnologia para pequenos e médios produtores rurais;
- O programa Brasil Mais Produtivo, liderado pela ABDI, busca aumentar a produtividade e a transformação digital de micro, pequenas e médias empresas, com foco na regionalização e no equilíbrio econômico entre as regiões do país;
- A exploração de petróleo na margem equatorial é vista como um motor de desenvolvimento para o Arco Norte, com potencial para transformar a economia de estados como Amapá, Pará e Maranhão.
Sinergia dos investimentos públicos e privados para o desenvolvimento dos mercados regionais brasileiros
Para iniciar o debate sobre a Parcerias Público-Privadas, Wagner Kronbauer, Diretor da Apex - Polo Londrina/PR, apresentou como esse pacto social permite um melhor desenvolvimento para todos. Ao apresentar dados importantes para o Brasil, ele destacou segurança energética, alimentar e outros pontos que ascendem o País no cenário mundial.
Confira os destaques:
- O Brasil ocupa o quarto lugar em investimento estrangeiro direto (IED), com R$ 66 bilhões captados em 2023 e uma projeção de R$ 71 bilhões para 2024, destacando-se como um destino atrativo para investimentos de longo prazo;
- As políticas públicas e a regulação clara são fundamentais para atrair investimentos privados, com destaque para as leis de concessões e o novo marco do saneamento, que impulsionaram investimentos em infraestrutura;
- O mercado de capitais tem se consolidado como uma importante fonte de financiamento para infraestrutura, com destaque para as debêntures incentivadas, que devem fechar 2024 com R$ 133 bilhões em investimentos;
Do esporte aos negócios: liderança empreendedora e inovação nos mercados regionais
O painel “Do esporte aos negócios” contou com Vanderlei Luxemburgo, um dos maiores técnicos do futebol brasileiro, que também possui uma longa trajetória empreendedora. Mediado por Daniel Conde, empresário e diretor executivo da Apex, o debate abordou as competências essenciais para a liderança de alta performance no esporte e no mundo corporativo.
Luxemburgo destacou a importância de transformar grupos em equipes de alto desempenho e discutiu o potencial do futebol como negócio. Ele questionou a falta de valorização do setor no Brasil, apesar de sua relevância econômica e global.
O que me move é essa oportunidade de poder falar com grandes investidores sobre esse grande negócio que é o futebol brasileiro
Vanderlei Luxemburgo, técnico brasileiro de futebol
Confira os destaques:
- O futebol é um grande negócio, mas muitas vezes os clubes são geridos de forma amadora, sem a profissionalização necessária para maximizar lucros e eficiência;
- A valorização da matéria-prima do futebol, os jogadores, é essencial, assim como a necessidade de uma gestão profissional para garantir que o esporte seja tratado como uma empresa;
- Vanderlei Luxemburgo destaca a importância da diversificação de investimentos, tanto no futebol quanto em outros setores, como imóveis, logística e cachaçaria, para construir um patrimônio sólido;
- A mentalidade empreendedora de Luxemburgo inclui a contratação dos melhores profissionais para cada área de negócio, garantindo que cada investimento seja bem-sucedido;
- O futebol brasileiro precisa resgatar sua essência e valorizar seu produto, evitando a europeização excessiva que pode prejudicar a identidade e o entretenimento do esporte no País.
Cidades do futuro: cases de sucesso nos Mercados Regionais
Com a presença do prefeito da Serra, no Espírito Santo, Weverson Meireles, e mediação da Vice-presidente da Redoma Capital, Betina Roxo, o painel tratou do destaque que as cidades fora do eixo Rio-São Paulo têm no desenvolvimento do Brasil.
Meireles ressaltou a Serra como um dos principais polos industriais e logísticos do País, e reforçou que o poder público deve ser um catalisador do progresso, criando um ambiente competitivo para atrair investimentos e impulsionar o crescimento sustentável.
“Estar no BRM Brasília representa uma grande oportunidade para mostrar ao Brasil o potencial da Serra. Aqui, estamos debatendo inovação, desenvolvimento e parcerias que podem levar a Serra ainda mais longe. Seguimos firmes na missão de atrair investimentos, gerar empregos e transformar nossa cidade em referência nacional.”
Weverson Meireles, Prefeito da Serra
Confira os destaques:
- A cidade da Serra é um exemplo de desenvolvimento sustentável e planejamento estratégico, com um PIB que a coloca como a 30ª maior economia do Brasil;
- O investimento de R$ 4 bilhões da ArcelorMittal na Serra é o maior investimento privado do Espírito Santo nos últimos 10 anos;
- A Serra é a única cidade do Espírito Santo com nota A+ no Tesouro Nacional.
Parcerias Público-Privadas: impacto no desenvolvimento regional do Brasil
O painel destacou o impacto da integração entre investimentos públicos e privados no Brasil. Participaram do diálogo, Felipe Manara, Fundador e CEO da Stoic Capital, enquanto mediador e, como painelistas, Eduardo Pedroza, Diretor de Novos Negócios da GS Inima Industrial, Munir Abud, Diretor Presidente da Cesan, e Ricardo Sanchez, PPP Business Development da ACCIONA.
Confira os destaques:
- As Parcerias Público-Privadas (PPPs) são fundamentais para o desenvolvimento regional, com investimentos de R$ 197 bilhões em 2024 e uma projeção de R$ 250 bilhões para 2025;
- O Espírito Santo se destaca como pioneiro em PPPs, com projetos inovadores como o reúso de água para a indústria, liderado pela GS Ínima, e o maior leilão de esgotamento sanitário do estado, com investimentos de R$ 7 bilhões;
- A segurança jurídica, a clareza nos editais e a confiança entre os setores público e privado são essenciais para o sucesso das PPPs, garantindo a execução de projetos de longo prazo;
- O mercado de capitais brasileiro tem sido fundamental para financiar projetos de infraestrutura, com destaque para as debêntures incentivadas e a participação de fundos internacionais;
- A universalização do saneamento no Espírito Santo até 2026 é um exemplo de como as PPPs podem transformar a realidade socioeconômica, gerando empregos, renda e melhorando a qualidade de vida da população.
Brasil 2025: a visão dos principais líderes políticos
Durante o painel, o Vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes, ao lado de Pedro Petris, Vice-presidente de Operações da Apex, abordou o cenário político e econômico do Brasil em 2025, destacando o novo ritmo de negociação entre o Legislativo e o Executivo. Regulamentação da reforma tributária, o fortalecimento da infraestrutura e a relação entre os poderes foram temas centrais da discussão.
Confira os destaques:
- O Congresso Nacional busca maior independência em relação ao Executivo, sem comprometer a colaboração nas pautas prioritárias;
- A reforma tributária preocupa governadores, prefeitos e o setor produtivo, especialmente pelos impactos no ICMS e na arrecadação;
- O fortalecimento da infraestrutura exige agilidade na definição de diretores das agências reguladoras e na oferta de crédito;
- O Senado se prepara para um período curto de atuação antes das eleições, acelerando a aprovação de projetos estratégicos;
- A relação entre Legislativo e Executivo deve ser independente e harmoniosa, garantindo segurança jurídica e um ambiente favorável a investimentos.
A regulamentação da reforma tributária é urgente, mas ainda passará por ajustes para equilibrar os interesses do setor produtivo, governo e sociedade
Eduardo Gomes, Vice-Presidente do Senado Federal