Carta do Economista: Cenário marcado pela estabilização das expectativas nos USA e queda do crescimento chinês
Por Arilton Teixeira*
No mercado externo, na China, o crescimento cai no 2º trimestre. Nos USA, se consolida cenário com crescimento, redução da inflação e manutenção das expectativas de início de queda de juros para setembro. Com os juros futuros caindo, o mercado passa a reduzir as compras das empresas de tecnologia, aumentando das empresas menores e mais afetadas por juros.
No Brasil, há aumento da inflação e as incertezas com a política fiscal e monetária continuam. Mas, a mudança de postura do presidente da república, interrompendo críticas ao BCB e sinalizando corte de gastos, permitiram recuperação dos preços dos ativos domésticos e valorização do real. Mas, esta valorização perde ritmo no fim do mês, com a queda dos preços das commodities, provocadas pela redução do crescimento chinês.
Mercado Externo
Em junho, a inflação estabilizou na Zona do Euro e no Reino Unido (UK) e continuou caindo nos USA. O cenário atual, com expectativas de início de corte dos juros nos USA estabilizadas em setembro, manteve a valorização das empresas, mas privilegiando aquelas que devem ser mais afetadas pela queda próxima dos juros.
Quanto ao crescimento, na Europa, a economia continua em ritmo lento. Na Zona do Euro, o PIB tem baixo crescimento. Já os PMIs (Índice dos Gerentes de Compras) de manufaturas e de serviços voltam a cair em julho. Embora no UK, ambos sobem.
Na China, o PIB do 2º trimestre cresceu 4.7%, abaixo das expectativas (5.1%) e da meta do governo (5%), embora o crescimento industrial de junho foi acima do esperado. A inflação para os consumidores e produtores continua próxima de zero. Finalmente, em julho, o PMI de manufaturas e de serviços caem.
Nos USA, embora o crescimento do PIB (2.8%) no 2º trimestre veio acima do esperado (2.0%), a inflação (CPI e PCE), as vagas de trabalho em aberto e os empregos criados caíram em junho. Neste ambiente, a expectativa de início de corte dos juros continua para setembro. Isto possibilitou a manutenção da tendência de valorização das empresas, embora com mudança no foco dos investidores para empresas que são mais afetadas pelos juros.
Mercado Interno
Comecemos com as expectativas do Boletim Focus para 2024. A inflação esperada é 4.10% (era de 3.98%). O crescimento esperado para 2024 está em 2.19% (estava em 2.09%). Já a Selic esperada para dezembro de 2024 continua em 10.5% (como era há um mês).
Quanto a performance econômica, os dados dão sinais contraditórios (embora a expectativa no Focus tenha aumentado). O setor de serviços fica estável e a produção industrial tem queda em maio, mas o desemprego cai. Além disto, o PMI de manufaturas de junho sobe, mas o de serviços cai (a previsão de queda da safra de grãos continua em 7.0%).
Já a inflação voltou a subir em julho. O IPCA de junho teve alta anual de 4.23% e o IPCA-15 de julho de 4.45%.
Além da alta da inflação interna, o mercado doméstico continua a sofrer com as incertezas com as políticas fiscal e monetária, mantendo o risco Brasil elevado. Mas, ao longo do mês, o presidente da república interrompeu as críticas ao BCB e sinalizou corte de gastos, contendo a incerteza e revertendo parte da desvalorização das empresas e da alta dos juros dos últimos meses. Entretanto, em fins de julho, a queda dos preços das commodities, devido ao menor crescimento chinês, volta a interromper esta recuperação.
Para os próximos meses, as perspectivas de crescimento e dos preços dos ativos continuam dependendo: (i) da estabilidade política interna e do avanço das reformas; (ii) do controle do risco fiscal e tributário; (iii) da política monetária nos USA. As incertezas internas e o risco fiscal continuam sendo os fundamentos para definir os juros, o valor das empresas e do dólar.
Quer ter acesso à Carta de junho completa?
Clique aqui e seja o investidor mais bem informado que você conhece!
*Economista-chefe da Apex