Carta do Economista: Incerteza com a política econômica nos USA continua dominando o cenário

10 de Mar de 2025

Por Arilton Teixeira*

Em fevereiro, na China os dados continuam sinalizando menor crescimento enquanto na Europa o crescimento está próximo de zero. Nos USA, os dados começam a indicar crescimento menor e maior inflação, devido ao aumento da incerteza com a política comercial (tarifas). Neste cenário, o mercado não espera novos cortes de juros até meados do ano e as empresas perdem valor.

No Brasil, o risco fiscal continua sendo o foco de incertezas em 2025. O reinício dos trabalhos do Congresso ainda não gerou instabilidade e o anúncio do governo de déficit primário de 0.1% do PIB em 2024 já está nos preços. Assim, mais uma vez, com a ausência de fatos novos, o cenário de fevereiro foi de queda de juros.

Mercado Externo

Em fevereiro, não tivemos alterações no cenário. Na China a inflação e os juros devem continuar baixos. Na Europa, o baixo crescimento tende a manter os juros em queda. Nos USA, com inflação em alta (Gráfico I), a expectativa de nova queda de juros é só em meados de 2025.

Quanto ao crescimento, na Europa a economia continua fraca. No UK e na Zona do Euro, o PMI (Índice dos Gerentes de Compras” de manufatura e serviços) de manufatura estão abaixo de 50 enquanto os de serviços continuam próximo de 50, sinalizando economia próximo a estagnação.  

Na China, não houve mudanças para 2025. A inflação para consumidores e produtores está próxima de zero ou negativa.  Os PMIs de fevereiro estão ambos os próximos de 50.  Finalmente, as tarifas de importações adicionais de 20% levantadas pelos USA tendem a reduzir ainda mais o crescimento.

Nos USA, a expectativa de crescimento do PIB no 1º trimestre caiu, refletindo as incertezas com a política comercial. Com isto, os juros longos (acima de 1 ano) caíram, a despeito das expectativas de inflação, mas não impediram a desvalorização das empresas.

Mercado Interno

Comecemos com as expectativas do Boletim Focus para 2025. A inflação esperada é 5.60% (era de 5.08% há um mês). O crescimento esperado para 2025 está em 2.01% (como era há um mês). Já a Selic esperada para dezembro de 2025 está em 15% (também como há um mês).

Quanto a performance econômica, continuam os sinais de perda de ritmo. O PMI serviços caiu abaixo 50 em janeiro e o IBC-BR, vendas no varejo e serviços tiveram queda em dezembro.

A inflação continua em elevação. O IPCA de janeiro teve alta anual de 4.50% (influenciado pelo “bônus de Itaipu”) e o IPCA-15 de fevereiro foi de 4.96%. Com isto, o COPOM que aumentou os juros em 2% em dezembro e janeiro, deve continuar aumentando em 2025.

Quanto ao cenário doméstico, não houve alterações.  O anúncio do déficit primário de 0.1% em 2024 gerou questionamentos, mas já está nos preços.

Para 2025, as perspectivas de crescimento e dos preços dos ativos continuam dependendo: (i) da estabilidade política interna e do avanço das reformas; (ii) do controle do risco fiscal e tributário; (iii) da política monetária nos USA. No 1º bimestre do ano, com a ausência de fatos novos gerando instabilidade, a curva de juros fechou (Gráfico II) e o real se valorizou embora o valor das empresas tenha acompanhado o mercado nos USA.

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*Economista-chefe da Apex

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