As 10 melhores ações para setembro, segundo o BTG Pactual
A Apex News divulga mensalmente um resumo das teses e dos fundamentos por trás das recomendações de ações da carteira 10SIM do BTG Pactual.
O objetivo da carteira recomendada, divulgada pela equipe com o melhor research da América Latina, é apresentar as 10 melhores oportunidades de performances do mercado de ações brasileiro, mas sem considerar necessariamente índices de referência ou liquidez.
No último mês, a carteira recuou 0,90%, contra uma -2,50% do Ibovespa e -3,50% do IBRX-50. Desde outubro de 2009, quando o head global de análise e estratégia, Carlos Sequeira, assumiu o gerenciamento da carteira, a rentabilidade acumulada é de 319,5%, ante 93,1% do Ibovespa e 128,5% do IBX-50.
Cenário global e trocas na carteira
Após as turbulências do último mês, a expectativa é de que o mercado permaneça volátil e negociando “de lado”, aguardando uma decisão sobre o novo programa social ampliado e sobre o pagamento de precatórios – estimados em R$ 89 bilhões em 2022. O mercado espera uma solução que respeite o teto de gastos.
Por outro lado, a recuperação econômica está indo bem e a campanha de vacinação mostra resultados promissores, levando a uma rápida reabertura da economia. Na avaliação do BTG, uma decisão mais firme do governo no sentido de preservar a regra do teto de gastos pode ser suficiente para fazer com que os preços das ações voltem a subir.
Por isso, o banco manteve o portfólio equilibrado e focado em ações líquidas de empresas de qualidade que estão entregando bons resultados operacionais ou que têm fortes catalisadores no curto prazo. Além de aproveitar os valuations baratos após as quedas recentes.
Foi adicionada a plataforma de e-commerce Magazine Luiza (MGLU3), que cai 27% no acumulado do ano. A B3 (B3SA3) também voltou para carteira após o fraco desempenho das ações em agosto e no acumulado do ano, em que teve queda de 29%. Também foi adicionada a siderúrgica Gerdau e a Vamos.
Saíram as empresas Lojas Renner, BR Distribuidora, Equatorial e Oi e foram mantidas Vale, Rede D'Or, PagSeguro, Porto Seguro, Cyrela e WEG.
Vale (VALE3)
Apesar da volatilidade recente no minério de ferro, a Vale é vista como uma das melhores empresas sob a cobertura do BTG. Os rendimentos de fluxo de caixa (free cash flow yield) estão próximos a 20% e a alavancagem está altamente contida. Por isso, espera-se retornos de caixa robustos nos próximos trimestres, com dividend yield de aproximadamente 8% apenas em setembro e programa de recompra de ativos sendo executado.
Na parte operacional, a empresa deve cumprir seu guidance de 315 a 335 milhões de toneladas em 2021 e continuar entregando crescimento e estabilidade de volumes no médio prazo. Além disso, a administração continua reduzindo gradualmente o gap em ESG, mas ainda pode levar algum tempo.
Os preços do minério de ferro foram corrigidos nas últimas semanas, mas por enquanto, o BTG não vê razão para rebaixar as estimativas para o ano. Por fim, a Vale é negociada a 2,9x EV/EBITDA 22, um desconto de 25% a 30% em relação aos seus pares australianos.
Rede D’Or (RDOR3)
Momentum é o nome do jogo na área de saúde, e é exatamente por isso que o BTG decidiu manter a Rede D'Or no portfólio. Após resultados recordes no segundo trimestre, ainda há um forte momento de M&A para a empresa. Desde seu primeiro pedido de IPO, ela já assinou acordos para adquirir 11 ativos, adicionando 1,67 mil leitos hospitalares, executando mais do que o prometido.
O valuation não é tão elevado quanto se pensa, com o BTG avaliando que os múltiplos altos (22x EV/EBITDA 22 e 50x P/L 22) são merecidos em função das fortes perspectivas de crescimento de lucros, estimado em uma alta do lucro por ação de 30% ao ano nos próximos 3 anos. Além disso, conta a sólida estratégia de M&A. Por fim, a empresa deve se beneficiar da tendência de longo prazo de “fuga para ativos de maior qualidade” nos próximos meses.
WEG (WEGE3)
As ações da Weg caíram 22% desde seu pico em janeiro, o que parece exagerado na opinião do BTG. Com isso, valuation retornou a níveis bem razoáveis. Seus resultados no segundo trimestre foram impressionantes, superando estimativas.
A empresa se beneficia da recuperação de equipamentos de ciclo curto com a recuperação gradual da atividade e com a resiliência do ciclo longo. Assim, ela traz uma característica defensiva ao portfólio em caso de agravamento da crise hídrica, ao destacar a importância de diversificar a matriz energética do Brasil para outras fontes, como as fontes eólica e solar.
No longo prazo, está significativamente exposta à tendência de eletrificação da indústria automobilística, acelerada com o surto da Covid. Por exemplo, várias montadoras transferiram investimentos de veículos de combustão para elétricos, com as vendas de elétricos subindo 90% a/a no acumulado do ano, segundo a Anfavea.
PagSeguro (PAGS34)
A PagSeguro reportou um 2T21 melhor do que o esperado com o PagBank acelerando e a unidade adquirente tendo um desempenho muito bom. A receita líquida apresentou um crescimento forte, acima das expectativas. A empresa também revisou algumas estimativas.
O BTG vê um mar azul para a PAGS no segmento de cauda longa, com os hubs realmente se provando um bom investimento. Além disso, já possui 11 milhões de clientes, mostrando tendências de melhora no segundo trimestre em relação ao TPV (volume total de pagamentos transacionado) e receitas.
Assim, o BTG acredita que as ações estão sendo negociadas com valuation atrativo. Há condições do mercado precificar melhor o ativo, especialmente com Stone lutando em sua frente de crédito.
Magazine Luiza (MGLU3)
Evoluindo de um varejista puramente offline para um verdadeiro modelo multicanal e, em seguida, para um marketplace multicanal, com a empresa agora construindo um ecossistema completo (all commerce) considerando o continuado desenvolvimento de sua plataforma de pagamentos, a empresa pavimentou o caminho para se manter negociando em níveis muito mais elevados do que seus pares de varejo.
A tese de investimento envolve duas premissas principais: o e-commerce continua crescendo a uma taxa secular, em aproximadamente R$ 430 bilhões em 2025 ante R$ 155 bilhões em 2020, e uma tendência de consolidação à frente, com apenas alguns vencedores potenciais. A MGLU deve ser um desses vencedores, de acordo com o BTG.
Embora o curto prazo pareça menos brilhante com a desaceleração em seu canal online, ainda há o legado da mudança digital dos consumidores, sua verdadeira proposta multicanal e investimentos recentes para impulsionar o engajamento da plataforma.
B3 (B3SA3)
A combinação de ruído recente em relação a mais concorrência entre as bolsas no Brasil, um cenário de taxa de juros mais alta e a última revisão na classificação de risco de certas contingências legais devem estar contribuindo para o desempenho fraco da B3.
Porém, ela divulgou resultados decentes no segundo trimestre. Embora os volumes no início do terceiro trimestre tenham desacelerado, algo já esperado nesta época do ano, a ação está atrativa nos níveis atuais, negociando abaixo de 19x P/L 2022E e caindo 30% no acumulado do ano.
Cyrela (CYRE3)
A Cyrela oferece uma bela combinação de forte crescimento e elevados pagamentos de dividendos, na avaliação do BTG. A empresa cresceu 35% a/a em 2020 e deve continuar crescendo em 2021, enquanto as suas joint ventures Lavvi, Cury e Plano & Plano também devem crescer muito.
As fortes vendas de imóveis foram impulsionadas pelas baixas taxas de financiamento imobiliário. Assim, a Cyrela está bem posicionada para surfar o bom momento do setor imobiliário, pois possui marcas diferentes atendendo a todos os segmentos de renda, planeja crescer lançamentos em dois dígitos baixos em 2021 e depois de distribuir R$ 700 milhões em dividendos no ano passado, a distribuição de dividendos deve ser sólida neste ano, assim como a empresa está desalavancada. Por fim, o valuation parece atraente, a 8,5x P/L 2021E e 6,0x 2022E, principalmente em um cenário onde as vendas de residências permanecem sólidas e lançamentos crescem.
Vamos (VAMO3)
A Vamos deve crescer nos próximos anos, se beneficiando da penetração estruturalmente mais baixa do aluguel de caminhões no Brasil. O segmento deve se expandir em função do menor custo de capital e da crescente conscientização sobre os benefícios da terceirização de veículos. A empresa publicizou sua meta de longo prazo de aumentar a frota em seis vezes até 2025, implicando em uma frota total de aproximadamente 100 mil caminhões, consistentemente acima das estimativas.
Durante o ano a empresa cresceu bem acima das expectativas, tanto na perspectiva orgânica quanto na inorgânica. Ainda, fez 4 fusões e aquisições desde o IPO. Além disso, a Vamos se beneficia da menor oferta de veículos novos em função da escassez de autopeças, o que acelera a penetração da terceirização de frotas no país. A de caminhões hoje é de 0,6%, 20 vezes menor do que no mercado americano. E aqui a Vamos é líder de mercado, com concorrência bastante pequena.
Por fim, ela também possui melhores condições de compra e poder de barganha, impulsionadas pela grande frota e taxa de crescimento rápido.
Porto Seguro (PSSA3)
A Porto Seguro reportou resultados decentes no segundo trimestre. Enquanto isso, outras seguradoras, como Bradesco, Itaú e BB Seguridade, tiveram dificuldades em suas carteiras de saúde e vida. O segmento de automóveis é bem resiliente e tem um desempenho superior.
Além disso, a empresa vem encontrando novas formas de desbloquear valor, como os recentes acordos com PetLove e ConectCar. Mesmo assim, continua sendo uma ação defensiva em um ambiente de taxas de juro mais elevadas e alta volatilidade.
Gerdau (GGBR4)
A Gerdau apresenta um forte crescimento de receita, baixa alavancagem, geração de fluxo de caixa e atuação temática no imobiliário. Além disso, o BTG acredita na força estrutural do mercado imobiliário brasileiro e espera que a demanda por aços longos se transforme em uma história de crescimento de vários anos.
Além disso, há potencial positivo com a expansão da lucratividade nas operações nos Estados Unidos, especialmente com a aprovação do pacote de infraestrutura. Assim, a Gerdau é uma das poucas ações beneficiadas no Ibovespa. Hoje, suas ações parecem estar precificando uma queda significativa nos preços do aço nos próximos trimestres, o que o BTG enxerga como agressivo.
Ainda, espera-se que os lucros continuem melhorando e os preços internacionais do aço sejam sustentados pelas restrições à produção por parte do governo chinês. Mesmo assumindo uma correção de -25% a/a no EBITDA para 2022, ela negocia a múltiplos baratos de 3,3x EV/EBITDA 22.
Disclaimer
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