Cultura e estratégia: quais são os benefícios do partnership?

O que aconteceria em uma empresa caso todas as pessoas se comportassem como dono? Pois bem, esta é a ambição de um modelo de partnership, que tem muitos benefícios. Apoiando-se em uma governança bem definida, um conjunto de critérios são estabelecidos de forma a recompensar a performance da equipe com participação societária. Isto é, por meio da meritocracia, consegue-se alinhar os interesses da administração e dos sócios.

No artigo a seguir, o CEO da Apex Partners, Angelo Dalla Bernardina, fala sobre as principais referências brasileiras e mundiais do modelo de partnership e seus desafios de implementação.

Os benefícios do partnership: maior eficiência e mentalidade de dono

Muito esforço é empenhado pela alta administração das empresas para aumentar a produtividade das pessoas. Vale notar que as medidas evoluíram ao longo do tempo e remontam ao tempo da individualização do trabalho e ao fordismo. Nos dias de hoje, uma maior atenção é depositada em aspectos socioemocionais e em conceitos mais amplos de bem-estar, sendo a neurociência a grande fronteira do conhecimento.

Ao olharmos para as empresas que são “capital humano” intensivas como às instituições financeiras, escritórios de advocacia e empresas de consultoria. Em especial às líderes de mercado, observamos que a estratégia de atrair e reter os grandes talentos de suas indústrias é pautada no partnership.

Isso porque as pessoas capazes de gerar valor nas companhias são àquelas com DNA empreendedor, capazes de construir novos projetos ou melhorar os já existentes. Estas, têm custo oportunidade alto uma vez que, por definição, seriam bem sucedidas se seguissem uma trajetória independente. Logo, participação no negócio é uma moeda fundamental para o sucesso da estratégia corporativa de competição pelos melhores profissionais.

Como consequência, grande parte do patrimônio pessoal dos sócios executivos está imobilizada em ações da cia. Neste ambiente, o ownership –  comportamento de dono – floresce de forma que as pessoas se sintam responsáveis não apenas pela execução das atividades do trabalho, mas pelo resultado produzido. Desta forma, é possível praticar uma estrutura empresarial horizontal em que há uma gestão descentralizada, substituindo uma estrutura piramidal tradicional e empoderando os indivíduos.

Exemplos de partnership

Um dos casos mais ilustres da estrutura de partnership aplicada na prática foi o Goldman Sachs, banco de investimentos norte-americano e que é visto como referência na Apex Partners. Até a abertura do capital da empresa na Bolsa de Valores de Nova York em 1999, a instituição era exclusivamente propriedade coletiva de seus sócios gerais. E, a cada dois anos passando por um rigoroso processo de indicação de sócios, havia uma nova classe de sócios selecionada e anunciada.

As características dessa cultura de partnership ainda incluem um compromisso com a colaboração, responsabilidade compartilhada e uma orientação para fazer o que é do interesse coletivo em longo prazo da empresa. E não os interesses de curto prazo do indivíduo.

Inspirado no Goldman Sachs, a corretora Garantia foi adquirida por Jorge Paulo Lemann em 1971 e foi a organização pioneira em partnership no Brasil. Ela mantinha salários abaixo da média do mercado, mas a possibilidade de altos bônus semestrais, a depender do desempenho individual. O foco era a meritocracia, a eficiência e a chance de tornar sócios da companhia, com a equipe sendo avaliada e bonificada – ou eventualmente demitida, caso o desempenho ficasse abaixo do esperado – a cada semestre.

O principal benchmark do modelo de partnership da Apex: o BTG Pactual

O BTG Pactual é resultado da aquisição do UBS Pactual pelo BTG. Em 1983, a Pactual foi fundada e era uma espécie de DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários). Em 1989, a organização se tornou um banco. Já em 2006, o Pactual foi adquirido pelo UBS, maior banco da Suíça e um dos maiores da Europa, se tornando a principal divisão deste na América Latina: o UBS Pactual. Com a aquisição pelo BTG em 2008, então, foi finalmente fundado o BTG Pactual.

Atualmente é o maior banco de investimentos da América Latina e em 2017 constava com 153 associados e 77 sócios. Isso porque a empresa é guiada pelo partnership, permitindo que qualquer colaborador venha a se tornar sócio. A cada ano, ela oferece aos funcionários que se destacam a chance de comprar ações da holding. Inclusive, é disponibilizado até mesmo um financiamento de longo prazo para que isso seja possível.

É uma espécie de estratégia de recrutamento, na qual o banco funciona dessa forma porque sua intenção é reter talentos e profissionais que geram valor.

O regime também se dá por intermédio de uma política de bônus, que podem ser pagos ano a ano a quem cujo desempenho se destacar. Não à toa, grande parte dos principais sócios do BTG Pactual iniciaram o trabalho na companhia há décadas.

Partnership Apex

Analisando os principais casos de sucesso das companhias do mundo, elas têm em comum um sistema de partnership; algo que ficou claro para a Apex Partners desde seu nascimento — a ponto de constar em seu próprio nome.

Não à toa, dedicamos muitos esforços, tempo e dinheiro para institucionalizar um sofisticado sistema meritocrático. Contratamos consultoria externa no último ano que aprimorou o modelo de remuneração variável da equipe a partir de parâmetros de performance individual, da área e da empresa e promoveu a estruturação jurídica do Partnership com aspectos de governança que regem a relação entre os sócios executivos.

Afinal, o maior ativo das empresas é o capital humano, por isso ter uma estratégia e um ferramental claro para atrair e reter os melhores talentos é essencial para a Apex entregar melhores resultados para nossos clientes.

Autor

Angelo Dalla Bernardina
CEO da Apex Partners