De olho no mercado: dólar fraco e a inflação em mercados emergentes
Esta é a sua curadoria semanal dos principais assuntos abordados pela Gavekal Research, líder em análise independente de macroeconomia, mercados financeiros e alocação de ativos do Brasil e do mundo.
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A Apx Investimentos iniciou uma parceria com a Gavekal para disponibilizar a seus clientes gratuitamente os principais relatórios, com o intuito de desmistificar o mercado financeiro financeiro e aproximar o investidor dos principais cenários globais. Abaixo, o resumo dos relatórios desta semana.
Há razões para mudar uma expectativa de dólar fraco?
O dólar americano está se aproximando de seu nível mais baixo em suas faixas de negociação. A pergunta, então, é: ele se recupera ou cairá mais?
Tan Kai Xian, que atuou como analista sênior do International Crisis Group, aponta que a valorização, ou não, da moeda americana está diretamente relacionada as campanhas de vacinação nos Estados Unidos e no mundo.
Dessa maneira, os níveis de vacinação ditam a capacidade de um país de reiniciar as atividades econômicas e, assim, aumentar a produção. Contudo, os Estados Unidos, após uma forte campanha de imunização coletiva, não vêm enfrentando nenhuma restrição no fornecimento de vacinas.
Ao mesmo tempo, a zona do euro e a China aceleram seus programas de vacinação. Isso é importante porque pode acelerar o movimento de desvalorização do dólar.
Além disso, outro obstáculo para a valorização do dólar está na proposta de aumento de impostos corporativos do presidente Joe Biden. Assim, a medida prejudica a competitividade dos produtores americanos e desaconselham o investimento no país.
Por outro lado, um fator-chave de apoio a valorização do dólar, ao menos no curto prazo, está no Federal Reserve reduzir suas compras de ativos enquanto o Banco Central Europeu continua com o seu plano de retomar os ativos. Além disso, conforme as últimas atas do FOMC, certos diretores dos Estados Unidos continuam preocupados com a inflação e indicam a redução gradual das compras de ativos.
Por fim, as chances ainda apontam para um dólar americano mais fraco, o que aumentaria a pressão inflacionária nos Estados Unidos por meio do canal de preços de commodities mais firmes, reforçando o fluxo para mercados emergentes.
Os mercados emergentes e a equação da inflação
Uma razão determinante para manter ativos de risco de mercados emergentes são suas melhores perspectivas de crescimento em relação a economias consideradas mais maduras e, portanto, mais estáveis.
Contudo, no momento em que os Estados Unidos e a Europa avançam para uma abertura total, as perspectivas de crescimento relativo das economias emergentes diminuíram, ao passo que pressões inflacionárias ameaçam uma possível resposta do Federal Reserve. Como analisar esses riscos ou oportunidades?
Outro fator diretamente relacionado as economias emergentes, e os seus índices inflacionários, são os preços das commodities. Assim, a oferta apertada em todo o complexo de commodities apresenta tendências positivas de preços de insumos, forçando o aumento inflacionário em países em desenvolvimento.
Isso ocorre porque as economias emergentes têm um peso alto de commodities em suas “cestas de inflação”. Além disso, a resposta dos bancos centrais dos mercados emergentes varia: países como Brasil e Rússia aumentaram suas taxas de juros, enquanto os diretores no México e na Hungria começaram a se mostrar mais agressivos.
Em outros países aderiram a linha de que as pressões são transitórias. Contudo, apesar dos mercados emergentes tomarem decisões próprias, sua eficácia de política monetária depende da reação do Federal Reserve.
Essa análise, portanto, está diretamente relacionada a pressão do dólar ou não. Caso o banco central americano mantenha sua formulação de que a inflação é transitória, pode ser forçado a intervir no mercado de Treasuries para impedir que subam os juros longos. Essa medida, portanto, pressionaria o dólar norte-americano.
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