Economia, política e negócios: as perspectivas de crescimento para o Espírito Santo​

O Folha Business discutiu temas relacionados ao desenvolvimento dos mercados regionais, em especial o Espírito Santo. Entre os temas abordados, o cenário macroeconômico global, a política internacional e seus impactos para o comércio exterior capixaba, tendências para 2025 e perspectivas para o futuro econômico do estado.​

Realizado pela Apex e Rede Vitória, o evento aconteceu na última quinta-feira (5), em Vitória, capital do Espírito Santo.​

Cenário Macroeconômico e o impacto nos investimentos

Durante o painel, o professor e Economista-chefe da Apex, Arilton Teixeira, destacou eventos internacionais, como as mudanças na política externa dos Estados Unidos com a eleição de Donald Trump e os conflitos geopolíticos em regiões como Rússia, Ucrânia e Oriente Médio. Rafael Ribeiro, Especialista de Portfolio da Bradesco Asset Management, trouxe uma visão prática de como essas questões podem afetar o mercado brasileiro.​​

“Apesar das incertezas com relação à política fiscal, a economia brasileira e o setor privado estão muito bem. O PIB brasileiro cresceu 4%, e o consumo das famílias avançou como há muito tempo eu não via”​ Arilton Teixeira, Economista-chefe da Apex

Confira os destaques:

• A expectativa de que pacote econômico de Trump gere um crescimento maior nos EUA resultou na projeção de queda da taxa de juros americana - tendência que deve ser acompanhada pelo resto do mundo, criando um ambiente externo mais favorável;​
• Conflito entre Israel e Irã, grande produtor de petróleo, e um possível envolvimento dos EUA, pode impactar os preços da commodity;​
• O acordo entre Mercosul e União Europeia, caso assinado, pode resultar a longo prazo em benefícios para as exportações brasileiras, aumentando o livre comércio. No entanto, podem surgir reações protecionistas, como aconteceu na França;​
• A política fiscal do Governo Federal têm gerado frustração no mercado e decisões recentes podem continuar elevando a taxa de juros e aumentar risco;​
• A diversificação de portfólio de investimentos e a gestão de dívidas são estratégias fundamentais em um cenário de volatilidade e incerteza.​

"Quando analisamos o comportamento dos preços dos ativos ao redor do mundo, ele já reflete essas expectativas com relação a essa política mais expansionista do Trump. Com a taxa de juros americana caindo, todos os países acabam acompanhando. Precisamos de um mundo crescendo mais forte para ter um impulso importante nas commodities”​ Rafael Ribeiro da Silva, Portfolio Specialist at Bradesco Asset Management

Economia e comércio exterior em 2025: mudanças na política internacional​

Alexandre Billot, Gerente Geral na Portocel, Sidemar Acosta, Presidente do Sindiex, e Gustavo Serrão, CEO da Vports Autoridade Portuária, abordaram os desafios e oportunidades do setor de comércio exterior, destacando o crescimento na corrente de comércio do estado, que atingiu R$21 bilhões em 2024. Os palestrantes também debateram políticas externas e iniciativas locais que devem moldar o segmento nos próximos anos.​

“Eu vejo um cenário promissor: um estado que é exemplo – 13 anos com a melhor nota de gestão pública – e com grande vocação pro comércio exterior. Vivemos um momento único, e precisamos transformar isso em eficiência e produtividade através do planejamento”​ Gustavo Serrão​, CEO da Vports Autoridade Portuária

Confira os destaques:

• Ambiente de negócios favorável e investimentos no desenvolvimento de infraestrutura logística, estão preparando o Espírito Santo para o futuro – o ParkLog foi o mais citado;​
• O Porto de Vitória bateu recordes de movimentação em 2024, com crescimento de 20% em relação ao ano anterior, e a Vports também projeta avanços para 2025 frente ao “efeito câmbio”;​
• Movimentação recorde de produtos como café, aeronaves e veículos demandou adaptações, obras de infraestrutura e modernização do modal logístico capixaba, para capturar ao máximo as oportunidades. ​
• Hoje, o estado já é líder na importação de aeronaves executivas, máquinas e equipamentos e o terceiro em importação de vinho;​
• Expectativa de crescimento para o setor de rochas naturais, com o possível crescimento do setor de construção civil americano;
• A utilização de regimes aduaneiros, governança e do planejamento tributário e operacional são essenciais para mitigar os riscos da volatilidade cambial e garantir o sucesso no comércio exterior;​
• A conexão e trabalho conjunto entre os setores produtivos serão diferenciais do Espírito Santo.

“Se vocês tiverem interesse de observar o que será a solução de um novo posicionamento logístico trazida para o Espírito, busque informações sobre o ParkLog. O Norte capixaba é o futuro!​”​ Alexandre Billot Mori​, Gerente Geral na Portocel

O que os grandes setores da economia capixaba esperam para 2025?​

Os painelistas abordaram o crescimento econômico do Espírito Santo, destacando os fatores que contribuíram para esse desempenho e as perspectivas para o próximo ano. Paulo Baraona, Presidente da Findes, enfatizou o desempenho acima da média da indústria capixaba, especialmente nos setores de petróleo, gás, metalurgia, pelotização e a indústria da transformação, além da diversificação industrial. ​

Idalberto Moro, Presidente do Sistema Fecomércio/ES, falou sobre a atratividade do Espírito Santo e a transformação das matrizes econômicas desde 2012. Simone Garcia, Superintendente da Fetransportes, complementou o debate falando da importância da logística e infraestrutura para o desenvolvimento do estado. ​

“A gente tem desafios, mas os investimentos estão vindo. Eu acredito que o Parklog vai ser referência pro Brasil e pro mundo. Vai ser um ponto de virada para a economia capixaba! O que vamos fazer aqui possivelmente vai posicionar o Espírito Santo pelos próximos 20, 30 anos de maneira inequívoca”​ - Simone Garcia, Superintendente da Fetransportes​

Confira os destaques:

• Crescimento da atratividade do Espírito Santo para investimentos e a transformação das matrizes econômicas desde 2012, um exemplo é o segmento de distribuição que, hoje, representa 27% da arrecadação de ICMS do Estado;​
• Estado com enorme conectividade com o mundo, com um indicador de integração econômica de 47,2%, frente a 29,9% do Brasil;​
• O plano governamental Nova Indústria Brasil é uma oportunidade e traz perspectiva de manutenção do crescimento da indústria capixaba acima da média brasileira. A Findes criou uma plataforma, a primeira do país, para que todos os empresários tenham acesso e consigam compreender e colaborar com o plano;​
• A escassez de mão de obra têm causado preocupação, mas já existem iniciativas das organizações em parceria com o Governo do Estado para capacitar e formar profissionais;
• O setor de serviços tem grande relevância, representando mais de 40% do PIB estadual, mas turismo ainda precisa de atenção: o orçamento capixaba para o segmento é de apenas R$ 30 milhões, enquanto a Paraíba, por exemplo, investe R$ 150 milhões;​
• O Espírito Santo está endereçando seus desafios e atuando, sobretudo, em obras de infraestrutura e integração multimodalidade: o estado ocupa a segunda posição no ranking nacional de infraestrutura, perdendo apenas para São Paulo;​
• Interação entre Governo do Estado e outras instituições capixabas tem sido um diferencial importante. É necessário manter esse ambiente institucional de diálogo e esforço entre as entidades para que ações em prol da economia e da sociedade continuem acontecendo.