Estimativas para inflação, Selic e PIB aumentam, aponta Focus
O Relatório Focus, conhecido como Boletim Focus, é um levantamento semanal feito pelo Banco Central do Brasil que aponta a mediana das previsões do mercado em relação aos principais indicadores macroeconômicos do país. Os dados são levantados com base em projeções de cerca de 140 instituições como bancos, consultorias, corretoras e universidades.
Alguns dos indicadores avaliados por ele e que influenciam fortemente na dinâmica do mercado, principalmente no longo prazo, são o IPCA, IGPM, câmbio, taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa Selic.
A mediana das projeções para o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, subiu de 6,11% para 6,31%. Por outro lado, como mostra o documento, a mediana para 2022 permaneceu nos mesmos patamares da última divulgação, em 3,75%. Nesse ponto, vale ressaltar que o Banco Central persegue uma meta de 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, sempre com um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
Para o nível de atividade, sempre mensurado pelo Produto Interno Bruto, o PIB, a estimativa avançou levemente de 5,26% para 5,27% ao final de 2021, praticamente estável. Também subiu levemente a estimativa para 2022, saindo de 2,09% para 2,10%.
Para os juros, os especialistas consultados pelo Banco Central apresentaram um aumento de 6,63% para 6,75% ao final de 2021, permanecendo no patamar de 6,75% em 2022.
Outro indicador macroeconômico analisado pelo relatório é o câmbio: o dólar, por exemplo, permaneceu estável em R$ 5,05 ao final de 2021 e em R$ 5,20 ao final de 2022.
Impacto dos indicadores medidos pelo Focus nos investimentos
Por serem os principais direcionadores da economia, os dados do Boletim Focus exercem grande influência sobre os investimentos, tanto em renda fixa quanto em renda variável.
O Boletim Focus serve como base para a tomada de decisão em relação à política monetária do Brasil, uma ferramenta importante para o controle da inflação. As decisões são tomadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom), uma entidade ligada diretamente ao Banco Central, que, entre outras projeções, utiliza o relatório para definir a meta da taxa Selic.
Mas porque a taxa Selic interfere nos investimentos? Há algumas formas disso acontecer, e a principal é o custo de oportunidade. Quando a taxa de juros aumenta, também crescem os retornos dos títulos de renda fixa, fazendo com que a renda variável passe a valer menos a pena para o investidor. Assim, as empresas passam a ter menos meios de se capitalizarem, por exemplo, e as ações listadas em bolsa tendem a cair com a menor procura.
Já em relação à inflação, todos sabem dos impactos negativos que grandes elevações neste indicador podem trazer para a economia, com a desvalorização forte da moeda, com o preço dos bens de consumo crescendo em descompasso com a realidade, reduzindo o poder de compra da população e afundando as empresas. A atividade econômica nunca se sai bem nessa história. Neste caso, uma alternativa pode ser utilizar-se de títulos indexados à inflação.
Ainda, o câmbio também pode surtir diversos efeitos. Para empresas exportadoras listadas, por exemplo, uma alta no câmbio, com a desvalorização do real, é muito positiva, visto que seus produtos ficam mais baratos em dólar e elas se tornam mais competitivas, aumentando as vendas e os lucros. Foi o que ocorreu com as empresas que atuam com exportação durante a crise da Covid-19, que passaram a multiplicar seus resultados, assim como a cotação das ações das empresas do segmento listadas em bolsa.
Existem diversas outras formas de influência nos investimentos. Assim, de forma geral, fica claro que é de extrema importância acompanhar as perspectivas para estes indicadores.
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Autor
Equipe Apex