Implicações do conflito entre Israel e Hamas

Por Tiago Pessotti, Macro Sales VP da Apex e Arilton Teixeira, Economista-Chefe da Apex

No atual conflito entre o hamas e os israelenses, é importante entender as causas e implicações. Israel está sofrendo ataques coordenados de grupos considerados terroristas, resultando em mortes e sequestros de civis, incluindo mulheres, crianças e idosos. Isso desencadeou uma situação de guerra na região. A inteligência israelense enfrentou desafios devido a divisões internas e protestos em curso. Agora, o país está se unindo para responder ao inimigo externo.

O conflito também já pode começar a envolver o Irã, um apoiador de grupos terroristas, e isso nos leva ao risco econômico de curto e médio prazo: ameaças de bloqueio do Estreito de Ormuz pelo Irã (este estreito é crucial para o transporte de petróleo, representando cerca de 20% da produção diária mundial) e a possibilidade de sanções comerciais contra o Irã liderado pelos USA.

Dado que o mercado de petróleo já está tenso após cortes de produção pela OPEP+, se o Irã se envolver e fechar o Estreito de Ormuz ou for proibido de vender petróleo, isto pode resultar em inflação e dificuldades econômicas para países importadores e alguns efeitos positivos para países produtores de petróleo.

No momento, o risco econômico direto é ainda limitado, já que a região em conflito não é uma grande produtora de petróleo. No entanto, a escalada do conflito e seu impacto nos principais atores da produção e distribuição de petróleo não pode ser ignorada.

Abaixo, as possíveis implicações, caso o conflito escale e o envolva oficialmente o Irã, ou outros produtores de petróleo do Oriente Médio:

Renda Fixa USA: caso os conflitos escalem os investidores buscarão ativos seguros, como os títulos do Tesouro dos EUA, o que pressionará os rendimentos dos títulos de 10 anos e poderia reverter a escalada das taxas que vimos recentemente, apreciando os ativos de renda fixa;

Taxa de Juros EUA: No curto prazo, é possível que as taxas de juros de 10 anos permaneçam em níveis mais baixos do que o esperado anteriormente pela demanda por proteção, mas em relação aos juros avista, os possíveis impactos dos recentes eventos podem levar o FED continuar aumentando as taxas de juros pois um choque negativo da oferta de petróleo pode levar a escalada da inflação fazendo o FED a ter que responder;

Commodities Agrícolas: É possível que o conflito em Israel cause volatilidade nos mercados globais de commodities agrícolas , pois um choque negativo na oferta de petróleo, tende a reduzir a atividade econômica em todo o mundo, podendo reduzir os preços das commodities agrícolas;

Fiscal, Cambio e Crescimento Brasil: Com o aumento e a sustentação dos preços de petróleo o Brasil reduz substancialmente os riscos de ter problemas fiscais mais graves a frente, uma vez que é substancial para o que Petrobras paga em dividendos pra união somado com a arrecadação de todo o setor de óleo e gás que inclusive tem grande participação no PIB, e neste caso os efeitos dos termos de troca tendem a reduzir o impacto inflacionário, por conta da apreciação do real gerando crescimento;

Riscos econômicos de curto prazo: A interrupção no transporte/produção, caso ocorra, pode afetar os preços dos combustíveis e aumentar os custos de produção no Brasil. Isso teria um impacto altista direto na inflação;

Diversificação energética: Apesar de sermos um dos maiores produtores e exportadores de petróleo somos importadores líquidos de combustíveis como gasolina e diesel, desta forma o país deve ter incentivo em reforçar a narrativa de investir em fontes de energia alternativas e na exploração cada vez maior de suas próprias reservas de petróleo para reduzir a vulnerabilidade a choques externos;