Orlando Caliman: a boa notícia da indústria de transformação para o Espírito Santo

21 de Jan de 2025

O ano de 2024 não foi um bom ano para a indústria em geral no Espírito Santo. De um crescimento de 11% em 2023, até novembro já havia amargado queda acumulada no ano de 0,8%. Movimento na contramão da indústria nacional que deverá fechar o ano com um crescimento no entorno de 3,3%. Mas, a notícia boa, embora ainda não expressiva, vem da indústria de transformação, que saiu de uma queda de 3,6% em 2023, para um percentual positivo que poderá chegar a 2% em 2024.

Estamos falando de um segmento que em 2022, último dado oficial de cálculo do PIB, representou apenas 11% do PIB. Qual, então, a razão da sua importância? Historicamente a indústria em geral sempre despertou a atenção enquanto motor de processos de desenvolvimento. É onde tiveram origem as grandes transformações.

Sem dúvida, protagonizou grandes transformações econômicas através do que conhecemos por revoluções industriais. Estaríamos, hoje, talvez. na quarta revolução industrial, indústria 4.0, embora grandes transformações atuais, inclusive na indústria, estejam acontecendo por conta de outra revolução, a digital, com fortes impactos nos demais setores, como serviços e comércio.

O IBGE monitora o desempenho da indústria de transformação por estado por meio de pesquisa mensal que contempla quatro grandes grupos: Fabricação de alimentos e bebidas, fabricação de papel e celulose, Fabricação de produtos minerais não metálicos (mármore e granito), e metalurgia.

No caso do Espírito Santo, no ano de 2023, a queda de 3,6% encontra explicação nas quedas de Rochas Ornamentais (-12%), principalmente por conta da redução de vendas para o mercado americano, metalurgia (-4,2%). Apresentaram evolução positiva a celulose (9,4%) e Fabricação de Alimentos e Bebidas (0,6%).

Já em 2024 a reação foi protagonizada pela metalurgia, que até novembro havia acumulado crescimento de 6,8%. Isso por conta tanto da melhoria no mercado interno quando externo. O segmento de rochas reagiu crescendo 0,4%, vindo de queda de 12% no anterior, com retomada do mercado externo. Fabricação de alimentos cresceu 0,5% e o protagonismo negativo passou a ser da celulose, com queda acumulada no volume produzido até novembro de 5,7%; no entanto, ganhou no preço, em dólar (FOB), com incremento de 47%.

Pelos números expostos acima fica claro que celulose, rochas e metalurgia são os segmentos que ditam o desempenho da indústria de transformação do Espírito Santo. E estes têm suas dinâmicas fortemente atreladas ao mercado externo, e em especial ao mercado americano. 

Formam nosso legado, que nos traz até aqui. Olhando para o futuro a estratégia de política industrial deverá passar necessariamente pela diversificação do nosso parque e por uma maior complexidade econômica.

*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência

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