Orlando Caliman: mais um bom ano para o café - os impactos são bem-vindos

27 de Jan de 2025

Se existe um setor da economia capixaba à prova de potenciais impactos derivados das anunciadas políticas protecionistas de Trump, este, sem dúvida, é o do café. Aliás, dos cafés, pois no Espírito Santo temos o arábica e o robusta/conilon. E por uma razão muito simples: os Estados Unidos não produz uma saca de café. Porém, por outro lado, é o maior consumidor mundial do produto.

Mas, o que está proporcionando a alegria dos produtores de café, que no Espírito Santo são muitos, vem através dos preços, pressionados por choque de oferta no Brasil e em países como Vietnam e outros, inclusive na Colômbia. Evento causado principalmente por fatores climáticos que vão desde altas temperaturas e deficiência hídrica.

 Em 29 anos nunca tivemos preços tão elevados. O preço do arábica, por exemplo, já se aproxima de R$ 2.400 a saca para a categoria dos melhores, bebida dura, e R$ 2 mil para o tipo bebida “rio”. Também o conilon, que no ano passado chegou a superar o preço do arábica pela primeira vez na história, bateu também nos R$ 2 mil .

Do início de 2024 a janeiro deste ano a Bolsa de Mercadorias de Nova York registrou crescimento de 81% nas cotações do produto. Na mesma direção seguiu a Bolsa de Londres, com 92%. Com baixa nos estoques em escala global e oferta limitada para 2025 a festa dos produtores deverá continuar.

Para a economia capixaba como um todo também é uma boa notícia. Afinal estamos falando de algo em torno de 131 mil famílias, que em 90 mil propriedades, com tamanho médio de 8 hectares, segundo informações do Incaper/SEAG, poderão contar mais dinheiro nas suas contas e bolsos.

Estimativas apontam que o Espírito Santo produzirá entre 17 e 19 milhões de sacas em 2025. Cerca de 4 milhões de arábica e entre 14 e 15 milhões do conilon. Assumindo-se um mercado favorável em demanda, preço e câmbio, tendência mais provável, é possível estimarmos um valor bruto total a ser gerado no entorno de R$ 30 bilhões de reais. Em 2024, por exemplo, somente em exportação gerou-se 2,1 bilhões de dólares, equivalente a R$ 12,6 bilhões de reais.

*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência

Ótimo! Você se inscreveu com sucesso.
Ótimo! Agora, complete o checkout para ter o acesso completo.
Bem vindo de volta! Você fez login com sucesso.
Sucesso! Sua conta está completamente ativada, agora você tem acesso completo ao conteúdo.