Orlando Caliman | Retrospectiva da economia capixaba e caminho preparado para 2025

Do ponto de vista da economia, o ano de 2024 deve ser considerado um ano bom. Avaliação que considero válida tanto para o país, quanto para o Espírito Santo. Porém, trata-se de uma avaliação que precisa ser relativizada nas dimensões tempo e contextos.

Orlando Caliman | Na dimensão tempo, num olhar para o passado, os indicadores que medem a dinâmica econômica, nas duas dimensões territoriais, sinalizam reações positivas, depois de um longo período de baixo desempenho. Com a economia nacional, surpreendendo, podendo apresentar crescimento próximo a 3,3% no ano, contrariando projeções iniciais do “mercado” que chegavam a 1,5%.

Quanto à economia capixaba, não ousaria classificar como surpresa se chegarmos ao final do ano com um número próximo a 3%, já que no acumulado em três trimestres fechou em 2,9% e nos quatro últimos em 3,1%. O que se espera é que venha um valor positivo para o indicador no último trimestre deste ano, isto porque este tomará o lugar da variação negativa em 0,1% ocorrida no último trimestre de 2023.

Ainda na dimensão tempo, enquanto nacionalmente se está saindo de uma taxa de crescimento de 2,9% em 2023 para 3,3% em 2024, a economia capixaba parte de um forte crescimento de 5,6% em 2023 para algo que se aproximará de 3% em 2024. Dissincronia de direções que pode ser explicada por diferenciais de contextos e especificidades.

E nesse aspecto não podemos perder de vista que a dinâmica da economia capixaba tende naturalmente a seguir, em certa medida e em dada proporção, o ritmo da economia nacional, e em especial, da parcela do PIB mais sensível aos ciclos econômicos internos. Isto é, atrela-se ao contexto nacional.

Há uma razoável parcela do PIB capixaba que não se submete à lógica nacional. Refiro-me, nesse caso, especialmente ao setor extrativa mineral, e em certos aspectos também à agropecuária, principalmente por conta do café, impulsionado pelos preços e pelo dólar.

É onde entram as chamadas especificidades e os diferenciais de contextos. As especificidades explicam, por exemplo, tanto o forte crescimento do PIB capixaba em 2023, quanto o menor desempenho em 2024. Com também a queda, até inesperada, em 2022, de 1,7%.  Se abstrairmos esses efeitos, que são sujeitos às dinâmicas de commodities – prices e demand takers -, de preços e demandas ditadas externamente, o PIB capixaba tende a seguir mais proximamente a trajetória nacional.

Porém, o Espírito Santo, hoje, detém vantagens de contexto que lhes são bem próprias, dentre os quais destaco o ambiente de negócios que congrega atributos como equilíbrio fiscal e a capacidade de investimento da administração estadual, projeto de futuro e um diversificado portfólio de investimentos previstos para os próximos anos.

Um diferencial competitivo invejável que certamente proporcionará um diferencial também no crescimento futuro da economia. Uma economia preparada para crescer em 2025.